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Carreira: O que você vai ser quando crescer?

Nos últimos anos tenho atendido muitos clientes confusos com suas carreiras. Pessoas que construíram carreiras de sucesso, que são muito boas no que abraçaram fazer, mas que gostariam de explorar outras áreas. Mudar de carreira ou abraçar outra ao mesmo tempo? Eu passei por isso e compartilho com você algumas coisas que aprendi ao longo da jornada.

Muitas pessoas têm múltiplos interesses acadêmicos, profissionais e intelectuais e não há nenhum problema nisso. No entanto, paralisam-se pelo receio, pelo medo do que amigos e familiares vão dizer, pelo medo de não ter o mesmo êxito encontrado na primeira carreira, medo da mudança ou de ser julgado como se não soubesse o que quer da vida, etc., etc.

O que você vai ser quando crescer? Eu sempre respondia que seria professora, mas ter que responder a esta pergunta já me inquietava aos 5 anos de idade. Pensava: e se eu não gostar? E se eu quiser mudar?

Aos 7 anos fiz meu primeiro negócio! Em um pequeno comércio local, a comerciante mencionara à minha mãe que estava sem embalagens para acomodar as compras para os clientes, desculpando-se pelo inconveniente. Vendo a necessidade dela, ajustei meu primeiro acordo: eu arrumaria embalagens para ela em troca dos doces que eu gostava. Trato feito! No dia seguinte, para a surpresa dela, voltei cheia de variadas embalagens, sacos, papeis, jornais. Ofereceu-me UM doce de um grande pote. Argumentei o valor do que eu tinha feito e como aquilo era importante para ela. Sai com o pote TODO e muito, muito feliz. Passei a ser a sua “fornecedora” por um tempo.

Por que voltei tanto no tempo para contar isso? Porque depois de adulta precisei aprender a voltar a ser criança. Na dinâmica dos compromissos da vida adulta, a leveza da criança vai ficando para trás, passamos por algumas “turbulências”, vamos desconectando-nos de nossa essência, ocupando-nos com muitas coisas e criando algumas crenças limitantes. E, muitas vezes, passamos a dar importância a coisas que efetivamente não são tão importantes assim.

Felizmente, meus pais nunca criaram nenhum tipo de pressão quanto o que eu faria no futuro. Ao contrário, eu ouvia: você deve fazer o que gostar. A escolha é sua. Ressurgia um problema: Eu gostava de muitas coisas e queria fazer muitas coisas. Na cruel fase (para mim) de ter que escolher um curso para o vestibular, optei por psicologia, mas passei em segunda opção. Formei-me em Letras-Espanhol e passei a atuar como professora do ensino médio enquanto fazia pós-graduação para seguir carreira docente no ensino superior. Pelo idioma, resolvi também lançar-me como tradutora. Estudei e trabalhei muito. Preparei-me para o que havia escolhido fazer: ser tradutora e professora. Aos 28 anos eu já era professora universitária e achava que me aposentaria como tal. Lecionei por 12 anos consecutivos e ainda traduzia. Como professora, atuei em uma universidade privada, em diferentes cursos e com diferentes disciplinas. Paralelamente, seguia tradutora. Foi sem dúvida um aprendizado incrível e desafiador. Gostava das minhas escolhas, mas sentia que ainda faltava algo.

Incomodada com o desconforto, procurei ajuda. Foi quando conheci a metodologia TSer. Entendi, então, usando a nomenclatura da ferramenta, que eu era uma visionária. Compreendi que com o autoconhecimento poderia entender melhor os meus cenários, os meus momentos, fazer melhores escolhas e, de forma mais leve, conduzir-me em cada uma delas. Que estava tudo certo eu querer fazer outras coisas, pois todos temos potencialidades. Passei a estar mais atenta a quem eu sou, às minhas escolhas pessoais e profissionais, ao meu real propósito. Voltei a me conectar com a minha essência.

Comecei a observar o quão dinâmica e versátil eu conseguia ser para poder dar conta do trabalho e que precisava a cada semestre me reinventar, por um novo curso, uma nova disciplina. Amava lecionar. Conheci muita gente, fiz muitos amigos, mas decidi, então, desenvolver outras potencialidades, explorar outros talentos e resolvi me desligar do quadro docente. Antes, porém, preparei-me para isso. Abri minha empresa, fidelizei alguns clientes, e, então, desliguei-me. Tive medo? Muito! E não, não me arrependi. Segui atuando como tradutora e consultora e construí uma boa carteira de clientes. Foram mais de 10 anos de atividade intensa. Como sempre fui estudiosa, formei-me Interventora, Coach e Neurocoach, e, em breve, em aromaterapia.

Tudo o que fiz até agora foi fundamental e enriquecedor no processo de construção de quem sou hoje. Entendendo melhor meu propósito, estou hoje em uma terceira fase de minha carreira e amando tudo o que faço: recursar pessoas em seu autoconhecimento.

A minha criança, despida de crenças, em tão tenra idade sabia que estar atenta às minhas necessidades e às necessidades dos outros era muito positivo. Sabia que podia fazer coisas diferentes, desde que fizesse sentido. Argumentava e defendia o que acreditava e valorizava o que fazia. Sabia sobre a força do poder de carisma e de rede, afinal, convencia os vizinhos a guardar as preciosas embalagens e para isso precisava amorosamente conscientizá-los que aquilo era útil (em 1980 não se falava em reciclagem).

Meu maior aprendizado ao longo da jornada: honrar desde a infância tudo o que trilhei. Resgatei minha criança para aprender com ela. Ela apenas fluía, não tinha crenças e medos e aprendeu muita coisa que a adulta havia esquecido. Posso ser muito boa em tudo que eu escolher fazer, desde que eu goste, porque se eu gosto a minha essência está ali, e sim posso gostar de muitas coisas. Preciso estar motivada e entender que o que faço é útil para mim e para o outro, que é ecológico (no sentido mais amplo da palavra).

Descobri que eu poderia ser uma “Nova renascentista”. Margaret Lobenstine, em Os novos renascentistas, diz: “Para os Espíritos Renascentistas, o meio mais seguro para atingir a especialização é incentivar as paixões em vez de sufocá-las. Qualquer outra abordagem será contraproducente. Se não estivermos motivados, acabaremos deixando de ser atenciosos e cairemos na amargura.”

O gênio renascentista Leonardo Da Vinci, que foi excelente pintor, anatomista, engenheiro, matemático, músico, naturalista, arquiteto, inventor e escultor. Deixou- nos um legado incrível. Sim, ele foi gênio, mas certamente não teve medo de explorar suas várias potencialidades. Ele apenas fez!

Se você está pensando em trocar de carreira ou apenas explorar outras áreas, avalie se você ainda gosta do que está fazendo. Quais são hoje as suas reais motivações? O que faz você vibrar? Do que você gosta? Quanto da sua essência está ali? Quanto você sabe sobre você mesmo? Se você não gosta ou não acredita no que está fazendo, pouco provável que os outros gostem ou acreditem também. Considere que você precisa sair da zona de conforto para poder ir além do que já conhece.

Quando a gente faz o que gosta, o caminho fica mais leve.

A escolha é sempre sua!

Emília Marta Schveitzer
Visionária. Interventora, Neurocoach, Consultora, Professora, Tradutora, e, em breve, Terapeuta.

Fonte citada: LOBENSTINE, Margaret.
Os novos renascentistas: como seus múltiplosinteresses podem ser a chave para o sucesso.
Rio de Janeiro: Rocco, 2007 p. 54

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