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Sobre coragem.

A palavra “coragem” vem do latim coracticum – agir com o coração, de acordo com o que verdadeiramente sentimos. Mas será que conseguimos ser corajosos, bem no sentido etimológico da palavra? Será que conseguimos acessar nossos desejos mais genuínos, conduzindo a vida partir da integridade com nossos propósitos? Ou estaremos confundidos com as “convenções sociais”, com padrões pré-estabelecidos que não cabem mais em nossa existência tão singular, condicionados a uma busca de felicidade fabricada e que é muito mais relacionada ao “mundo de fora” do que ao “mundo de dentro”? Minha provocação: você tem coragem? Coragem de acessar seus sentimentos? Coragem de assumir o que deseja? Coragem de transformar o que não faz mais sentido e já “atrofiou” em sua vida em algo melhor em mais potente?
 
Andamos pela vida e geralmente nem percebemos que o “piloto automático” está ligado, que nossos sorrisos já não são mais os mesmos e que nossa jornada começou a ficar mais “pesada”. Márcia Lerinna, criadora da TSer, CEO & Founder da Human Code e hoje uma grande amiga e mentora para mim, sempre diz: “se está pesado, está errado; precisa rever”. Essa reflexão deve nos acompanhar o todo tempo; precisamos fazer pausas para refletir quando sentimos que há peso. Porém, estamos tão ocupados com todos os compromissos que nos impusemos que, na maioria das vezes, não temos tempo para fazer essa reflexão. E aí simplesmente vamos “tocando o barco”…
 
A grande questão é que a vida nos cobra essas decisões – mais cedo ou mais tarde, surgem tempestades, turbulências, estímulos que evidenciam tudo aquilo que não está fluindo bem em nossas vidas. Nesses momentos, temos a oportunidade de lidar com isso, tirar o peso e ressignificá-lo.
 
No trabalho, vemos pessoas adoecendo por conta de escolhas não sustentáveis ou de se deixarem ficar em situação de “abuso emocional”. Quantos casais estão juntos, mas vivem sozinhos? Quantas sociedades trazem mais turbulência do que parceria e crescimento, e ainda assim estão operando em uma dinâmica nociva para todo o sistema de pessoas que abarcam?
 
O que está pesado em sua vida? Pare, pense, reflita – esse é o primeiro passo!
 
O que nos impede de sermos corajosos, por vezes, é o medo. Tendencialmente, nossas preferências têm a ver com aquilo que já mapeamos, conhecemos e que nos coloca em um “terreno seguro”. Evoluir significa dar um salto – sem necessariamente saber a que lugar esse salto vai nos levar. Mas pense: existe um oceano de possibilidades que ainda não exploramos, e a paralisia ou a covardia pode nos tirar a oportunidade de conexão com os nossos melhores potenciais, com uma capacidade mais ampla de nos mobilizarmos por meio de um campo de energia que está em nosso mais alto potencial – e assim, mobilizarmos as pessoas e agregarmos aos contextos de que fazemos parte.
 
Coragem é a ação, apesar do medo; é o caminhar constante na direção da nossa melhor versão. É estar aberto a ampliar a consciência sobre quem você é de fato, o que te move, o que te tira do eixo e o que te faz florescer. Para isso, precisamos colocar em nossas vidas uma tensão criativa, um certo inconformismo, espaços para reflexões que vão nos levar ao encontro de decisões e escolhas o mais sustentáveis possível.
 
O maior cuidado que temos que tomar é com a quantidade de “pré-ocupação” que mobilizamos. Elas começam em nossos pensamentos: monstrinhos que nos desconectam dos nossos verdadeiros desejos, nos convidando a ficar em nossa zona de conforto. Precisamos lembrar que nossos pensamentos mobilizam emoções e que essas emoções são transformadas em comportamentos. Quantas vezes nossas ações estão indo ao contrário dos nossos desejos? Exemplo: eu quero ter uma vida cheia de respeito e amorosidade, mas ESCOLHO ficar em um trabalho onde as pessoas se desrespeitam o tempo todo, onde o sentimento de menos valia toma conta de mim. Mas ESCOLHO ficar, não enxergando todas as possibilidades que, sim, existem; não empreendendo esforços, mesmo que mínimos, para sair do lugar que não me faz mais sentido.
 
O medo vai existir, vai ser uma constante em nossas vidas, mas um impulso virá à medida que nós nos conectarmos com nossas verdades, mergulhamos fundo no que vai impulsionar a nossa existência. Assim, mesmo diante dos desafios, mesmo com medo, passamos a enfrentá-los com a confiança de que, do outro lado da ponte, sempre terá algo melhor e que nos levará à melhor versão de nós mesmos.
 
De acordo com Márcia Lerinna (2020), estamos vivendo um momento um período mais desafiador este ano; esse ano, um período exigente e que traz uma pressão interior e exterior que pode nos provocar a enxergar o que precisamos modificar em nossas vidas. É tempo de pararmos de lutar com a vida, que tal dançarmos mais? Por fim, deixo uma indagação: o que você precisa mudar na sua vida? O que não faz mais sentido?
 
Respire fundo, encontre coragem naquilo que lhe faz sentido e ACREDITE que a sua coragem pode te levar para lugares muito melhores do que os que você já tem habitado! Não deixe a tempestade chegar, seja proativo – CORAGEM!
 
 
Izabela Mioto
Sócia-diretora da Arquitetura RH. Graduada e Mestre em Psicologia (UNESP/Assis). Pós- -graduada em Administração de Recursos Humanos (FAAP). MBA em Desenvolvimento do Potencial Humano pela Franklin Covey. Coach pelo ICI (Institute Coaching Integrated – ICI), reconhecido pelo ICF. Coordenadora da Pós Graduação da FAAP em Gestão de Pessoas: Desenvolvimento Estratégico do Capital Humano. Professora convidada da Fundação Dom Cabral e Professora dos MBAs da FIA (Fundação Instituto de Administração), da FAAP (Fundação Armando Alvares Pentea- do/SP), do IPOG e do Hospital Israelita Albert Einstein. Coautora do livro “Ser mais com Coaching e Ser mais com T&D”. Editora Ser Mais. Interventora da Metodologia TSer.