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Inquietação e ruptura coletivas…

Em tempos de pandemia, há incerteza por todos os lados, e isso, por si só, inquieta muito a todo e qualquer ser humano, em maior ou menor intensidade. A inquietação é uma excelente oportunidade para revisitar a gente mesmo, seja por não se ter qualquer previsibilidade sobre o que virá hoje no final do dia e nem daqui a uma semana, seja pelo fato da maioria perceber que as ações e escolhas feitas até então têm que, no mínimo, ser revisadas e quiçá ajustadas, ou até modificadas por completo.

O ser humano é um ser em evolução, e tal evolução potencialmente leva à maior consciência sobre si, sobre seus principais talentos e sobre suas vulnerabilidades. Para evoluirmos é fundamental que haja inquietude!

Inquietude para mudar os rumos profissionais, inquietude para ter interações melhores com os que convivemos, para iniciarmos novas interações, e por aí vai. Segundo Brené Brown, uma escritora norte-americana que se dedica a estudar profundamente temas como vulnerabilidade, “a mudança só ocorre por ruptura”. Então, se pretendemos evoluir, é fundamental nos abrirmos para entender o tamanho de cada inquietação que nos surge e agir. É preciso disponibilizar mente e coração para lidar melhor com a ruptura! Ruptura de padrões que adquirimos na infância…ruptura de relações profissionais, pessoais, amorosas…ruptura de crenças irracionais que povoam a nossa mente e emoções… enfim, ruptura com coisas, pensamentos e pessoas que já não nos fazem bem.

Eu fui gestora de pessoas por cerca de 20 anos, e hoje trabalho com Desenvolvimento Humano. O que tenho visto ao longo desta experiência com pessoas vai totalmente de encontro à frase da Brené Brown. No entanto, nessas diversas situações, presenciei a ruptura como movimento individual, considerando que cada um tem o seu momento e modo de se inquietar. E o que temos à nossa frente hoje, com a pandemia, é uma inquietação coletiva! É certo que ela pode ter graus diferentes em cada indivíduo, mas é fato que ela é coletiva e inédita para quase todos os que habitam este planeta.

Isso leva vários de nós a perceber que temos uma oportunidade ímpar de também pensarmos e agirmos coletivamente, de entender que há um cenário absurdamente maior do que o nosso espaço e as nossas ações e escolhas individuais.  

Como humanidade, o convite que recebemos desta pandemia é o de revisarmos a forma como temos vivido, reavaliarmos o que de fato agrega para a nossa evolução humana. E reitero que esse convite veio de forma coletiva, e não individual! Por isso, é crucial nos atentarmos ao todo, nos atentarmos ao bem comum, e mantermos sempre em nossa mente que as mudanças ocorrem em decorrência de rupturas! Rumo às revisões individuais, às reflexões coletivas e às rupturas, para a nossa própria evolução!

Texto escrito por Hedilene Cardoso – Interventora do mapeamento pessoal T-Ser, Mentora & Coach, Professora-Convidada de Pós-Graduação da Fundação Dom Cabral e da FAAP. Abril 2020.