Os budistas veem a nossa mente como um macaco pulando de galho em galho, sempre inquieto e confuso. A comparação é válida, porque saltamos continuamente de um pensamento para outro pensamento, da preocupação para a preocupação, até que entramos em um estado de turbulência e exaustão. Essa poderia ser a perfeita descrição da mente de um líder contemporâneo. Sentimentos de solidão, fraqueza, inadequação e desconforto convivem com a vontade de buscar novas formas de existir e corresponder a um mix de demandas que se multiplicam.
Iogues e budistas encontram na meditação uma forma de silenciar essa mente saltitante, trazendo a calma necessária para fluir em busca do eu profundo. Uma prática válida para todos. Mas as lideranças precisam ir além, buscando entender a sua trajetória para evoluir na construção de futuros. Afinal, os líderes contemporâneos avançam o tempo todo em novos aprendizados, enquanto investem no seu próprio bem-estar, do time e das pessoas envolvidas com a organização onde atuam. Tudo isso em um contexto de profundas transformações econômicas, sociais e tecnológicas, que devem ser compreendidas, assimiladas e aplicadas aos negócios.
Assim como as plantas crescem a partir das suas raízes e do solo fértil onde são colocadas, as pessoas também encontram oportunidades ao observarem de onde vêm, que experiências acumularam e como seus talentos e habilidades podem contribuir para alcançar novos objetivos. Olhar o passado para construir o futuro é uma estratégia válida que pode ser aplicada por meio de metodologias Human Centered, com ganhos significativos para quem busca o autoconhecimento.
A liderança inspiradora é uma das muitas exigências que se acumulam na mente e na mesa dos profissionais do nosso tempo. A grande questão é que para inspirar os demais você precisa estar em harmonia consigo mesmo e essa talvez seja uma das conquistas mais difíceis de alcançar, especialmente para aqueles que não se conhecem e, portanto, não se sentem seguros das suas competências e habilidades. É justamente aí que reside o ponto fraco de muitas pessoas de grande valor e que se perdem em algum momento.
O tão famoso “fazer acontecer” depende muito de gente confiante, que acredita em si e nos outros, que está conectado consigo mesmo e consegue, assim, estabelecer relacionamentos mais saudáveis e generosos com todos.
Não há MBA, especialização ou conhecimento acumulado que resolva essas questões, mas o suporte de mentores que promovem o autoconhecimento oferece as ferramentas necessárias para acessar essas habilidades, trazendo à tona todo o potencial adormecido que pode conduzir a um novo patamar pessoal e profissional.
Pesquisas do mundo todo confirmam o que muitos já aprenderam no cotidiano profissional: os líderes inspiradores fazem a diferença no cotidiano do time e nos resultados das organizações.
- Dados de quase 50.000 líderes coletados pela Harvard Business School indicam que “a capacidade de inspirar cria os mais altos níveis de engajamento e comprometimento dos funcionários, é o que separa de forma mais poderosa os líderes mais eficazes dos líderes médios e menos eficazes. É ainda o fator que a maioria dos subordinados identifica quando questionados sobre o que eles mais gostariam de ter em seu líder”.
- Uma pesquisa conduzida pela Bain com a Economist Intelligence Unit aponta que “funcionários inspirados são duas vezes mais produtivos do que funcionários satisfeitos. O que torna um líder inspirador? As empresas que podem responder a essa pergunta possuem uma ferramenta poderosa para aumentar sua vantagem competitiva. É imenso o poder da empresa que é liderada por quem consegue inspirar todos os níveis hierárquicos da organização. Essas são as empresas que consistentemente realizam feitos inovadores ou heroicos nos negócios porque muitas das pessoas que trabalham lá estão motivadas para fazê-los acontecer.”
- A inspiração também afeta o resultado das empresas. Elas experimentam uma rentabilidade 21% maior, redução de 41% no absenteísmo e 59% menos rotatividade, de acordo com dados do Gallup. O instituto afirma que “funcionários engajados estão mais presentes e produtivos; eles estão mais sintonizados com as necessidades dos clientes; e são mais observadores de processos, padrões e sistemas. Quando considerados em conjunto, os comportamentos de unidades de negócios altamente engajadas impactam fortemente os resultados”.
Não tenha dúvidas de que as empresas estão em busca de líderes inspiradores, que consigam atuar em um novo modelo organizacional mais fluido e motivar o time para assimilar as novas tecnologias incorporadas com a transformação digital. Eu também não tenho dúvidas de que apenas o autoconhecimento traz as ferramentas necessárias para uma atuação inspiradora das lideranças. Afinal, vivemos em um mundo colaborativo e apenas quem constrói um futuro melhor para todos é capaz de usufruir desse futuro para si mesmo.