Ando bastante introspectiva, vivenciando um momento de preparação interior e regada a caminhadas, meditação, arte e muita pesquisa!

Gosto destas fases que me empurram para um lugar mais profundo em mim mesma, pois neste espaço o silêncio e a paz de espírito me convidam a dançar num ritmo mais suave e nem por isso lento. Parece contraditório, mas não é, parece que quanto maior a leveza, mais fácil é fluir com a vida, sempre tenho a impressão de estar no ritmo em que tudo funciona. 

Meu estado de observação se amplia, costumo cuidar muito de mim com mais dedicação, pois sei de antemão que está vindo um tempo de bênçãos – vou entrar em contato com o sutil. 

Confio e me entrego, e a partir daí, tudo vira experimento para este movimento que parece aperfeiçoar meu estado de SER. Tudo que escolho vivenciar – estou vivendo e ao mesmo tempo me percebendo como espectadora de mim mesma. 

Não sei se é o meu signo, meu temperamento, ou sei lá o porquê, mas gosto destes momentos introspectivos. Sei que esta fase vai mudar daqui a pouco, como tudo na vida – em constante movimento, mas enquanto ela está aqui, quero aproveitá-la, pois sei que é ela que ‘alimenta’ a alma da vida. 

Este aprendizado, sem dúvida, devo a minha fase de maturidade… em outros tempos, sempre que a vida ficava calma, como um mar sem vento, eu ficava ansiosa e sentia que não estava aproveitando o tempo! 

Isso me faz lembrar de uma história que ouvia em minha família:

Em tempos tão distante que até esqueci a data,

Uma mulher jovem caminhava ansiosamente em direção a um lugar que ela não sabia aonde ia chegar.

Dias e dias ela andava, com pressa e focada, com uma sensação de estar atrasada.

Tudo o que encontrava pela frente, ela conectava de forma automática e apressada, sem perceber os detalhes, às vezes não lembrava nem de si mesma quanto mais da paisagem em torno.

Após anos caminhando assim, abatida e fragilizada, sem achar o lugar que buscava, ouviu falar de uma Sábia que morava pelos arredores.

Procurou a casa desta Sábia que vivia isolada numa floresta e logo que a encontrou foi apressadamente perguntando:

Disseram-me que você, Sábia, entende de todas as coisas e consegue responder a todas as perguntas, eu preciso de ajuda, estou há anos caminhando e buscando um lugar que não consegui chegar, pois nem mesmo sei onde é…

A Sábia olhou para ela, sorriu, convidou-a a sentar ao seu lado e mandou respirar profundamente três vezes. Impaciente, a mulher jovem fez rapidamente três respirações curtas e foi logo perguntando novamente: Sábia, você sabe que lugar é este? Onde ele fica? 

A Sábia disse calmamente: eu sei onde fica e vou mostrá-lo a você, calma, feche seus olhos.

A mulher jovem relutante fechou os olhos e de repente, num movimento involuntário, todo seu corpo buscou ar profundamente, respirou de um jeito que nunca havia feito em sua vida, e ao soltar todo o ar, o cansaço da longa caminhada da existência foi embora.

E de novo, num movimento involuntário, fez-se vida através da inspiração e desta vez ela exalou toda a ansiedade que a acompanhou ao longo dos anos, liberando, o medo e a paz tomou conta da sua mente. Pausa e de novo o ar entrando, e nesta terceira inspiração a jovem mulher conectou-se com o seu coração, lá onde reside o Amor, e onde encontramos todas as respostas, e ao exalar tinha gratidão em seu ar, gratidão por ter achado finalmente o lugar que procurava, lá dentro de si mesma, no coração, o seu amor. Era este o seu destino – amar a si mesma.

Que seus tempos de introspecção sejam tempos de recarregar as baterias e conectar seu coração!

Ate daqui a pouco…